29 de novembro, de 2025 | 08:00

Romper o silêncio: o primeiro passo para reconstruir a educação no país

Luis Eduardo Salvatore *


No Brasil, as tragédias diárias que explodem diante das câmeras costumam mobilizar rapidamente a sociedade. Geram indignação, cobranças e, por um breve instante, a sensação de que “algo vai mudar”. Mas há tragédias que não fazem barulho, e talvez por isso sejam ainda mais perigosas. A mais grave delas é a que vejo há 25 anos, e se repete todos os dias, em silêncio, dentro de milhares de escolas públicas brasileiras: a tragédia da aprendizagem interrompida.

Os dados do Anuário Brasileiro da Educação Básica expõem, com clareza dolorosa, o que nós, e tantos educadores, presenciamos há décadas. O país avançou no acesso, mas falhou em garantir o básico para a permanência e a aprendizagem. Afinal, como podemos sequer falar em aprendizado se quase 20% das escolas não têm coleta de lixo regular? Como exigir concentração de um aluno se mais de 30% das salas não contam com nenhuma climatização, num país tropical? Como despertar o interesse pela ciência se apenas uma em cada cinco escolas de ensino fundamental dispõe de um laboratório?

O que a nossa experiência, de Norte a Sul do país, nos prova é que o diagnóstico mais comum está errado. O problema não é o desinteresse do aluno ou da comunidade escolar. O que testemunhamos todos os dias é que o interesse existe, mas a oportunidade não. A aprendizagem é interrompida porque faltam bibliotecas para despertar a curiosidade, espaços de convivência para a troca e iniciativas que conectem o conteúdo à realidade. Esse abismo de oportunidades é agravado pela desigualdade racial e territorial, que determina onde o financiamento e os recursos irão, de fato, chegar.
“Como despertar o interesse pela ciência se apenas uma em cada cinco escolas de ensino fundamental dispõe de um laboratório?”


O mais preocupante é a normalização dessa tragédia, pois o problema central não é a falta de soluções: é a falta de decisão política e visão de longo prazo. As soluções existem e testemunhamos seus resultados. Vemos que, quando a escola é fortalecida como um espaço de cultura, leitura, arte e cidadania financeira, o aprendizado floresce, mesmo nos contextos mais vulneráveis. A educação só tem o poder de transformar histórias e gerar mobilidade social quando o investimento em formação docente e infraestrutura é tratado como política de Estado, e não como um projeto de governo. Continuar fechando os olhos para isso é uma escolha.

A hora de romper esse silêncio é agora. A discussão do novo Plano Nacional de Educação (PNE) não é apenas uma formalidade burocrática, é a nossa principal janela de oportunidade para a mudança. É urgente usar esse momento para tomar a decisão política de unificar diretrizes e direcionar investimentos que, de fato, priorizem a qualidade. Tratar a educação como prioridade não é uma opção, é o único caminho possível para avançarmos enquanto sociedade. É do chão da escola que se reconstrói um país inteiro.

* Presidente do Instituto Brasil Solidário.

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Comentários

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Tião Aranha

30 de novembro, 2025 | 10:24

“Falaste a verdade? É infinita a capacidade dos intelectuais de se curvar diante do poder, seja ele fascista ou socialista. O partido do Lula sempre foi autoritário e, por isso, às vezes, atropela a democracia. Pensaram que era só prender o Bolsonaro, tirá-lo da disputa política, e tudo estaria resolvido. Ledo engano. Ainda tem muita água pra passar debaixo da ponte. De todas as metáforas de Lula, as mais graves são as comparações do país com uma casa e dele com um pai. Na Constituição, não há, segundo Roberto Romano, entrevista dada a Veja, data 16/02/2005, bastante atual, que, segundo ele, o povo brasileiro em sua maioria já é maior de idade e que precisa mesmo é de um pai cívico. Nem se trata de verborragia, o pior cego é aquele que vê e não quer enxergar. Como ex-militante deste partido, já pulei do barco faz tempo, quando vi durante o processo do Mensalão que o propósito deste partido não era proteger a população. E vc, quando vai mudar? Rs.”

Nerole*

29 de novembro, 2025 | 14:51

“Caríssimo Tião Aranha, obrigado pela resposta! Falastes muito, mas não disseste nada..”

Tião Aranha

29 de novembro, 2025 | 13:25

“Respondendo ao acrômio de Nelore, que nem sei de que alcunha se trata, mas, tá mais é pra gado mesmo. Nem a condenação dos mensaleiros do Mensalão, do PT, foi suficiente para mostrar pra esse cidadão que cadeia não educa ninguém. Pois é: se cadeia educasse não ha haveria o seguimento de desvios de dinheiro público - muita das vezes emanando de parentes ligados a mandatários diretos da nação e/ou dos seus comparsas, ministros e gente que deveria dar bons exemplos. No caso da trama golpista, minha opinião particular: se não existiu a consumação do ato, não houve crime, a exemplo do Capitólio, não vivemos na prática, num pais democrático. As provas estão muito vazias... Aqui, dono de banco rouba 40 bilhões de reais em operações fraudulentas e fica solto. O Nelore deveria apresentar projetos de vida pra esses jovens desempregados, sem trabalho, sem estudo sem nenhuma perspectivas de vida neste país, ao invés de ficar citando nomes de teóricos da Educação que não apresentaram quando em vida nenhuma solução pra futuro dos jovens deste país. Se tu quiseres saber mais da vida do Olavo é só ler as suas obras. Só não entendo o interesse e a sede insana de tanta punição. Tanta maldade! (Bolsonaro foi presidente, conhece todos os segredos da nação e deveria ser tratado com mais respeito). Tem a admiração dos maiores líderes políticos do mundo atual. A verdade uma dia virá de verdade. É só aguardar! Desculpa o mal jeito! Rs.”

Nerole*

29 de novembro, 2025 | 11:36

“Caríssimo Tião Aranha, qual é o legado do astrólogo Olavo de Carvalho para a educação ou para qualquer outro tema? Ainda se fosse o do Paulo Freire, do Anísio Teixeira, do Darcy Ribeiro ou, até, do Paulo Renato Souza, o que implantou o ENEM.
A esquerda, realmente, tem o coração de pura maldade. Nestes últimos dias, tenho recebido muitas playlists com as frases idiotas do Minto Inelegível, até 2060, e Presidiário. Só pérolas de amor, solidariedade, empatia e de carinho..”

Tião Aranha

29 de novembro, 2025 | 09:45

“A Educação neste país nunca foi prioridade dos políticos. Pra ser político nem precisa ter diploma. Saudades do Olavo de Carvalho, conhecia o saber universitário e o perfil de cada político. Mas a máscara tá caindo. Nós, como todos os seus seguidores, temos a incumbência de seguir com o seu legado. A esquerda tem o coração "puro". Pura maldade! Rs.”

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